LAISSEZ ALLER!

a prosa de meu pensamento

me colocou à frente de mim mesmo.

à frente daquele eu

que era um amante dedicado e bonito;

que era um marxista fiel;

que tinha muito mais equilíbrio.

Em minhas discussões solitárias.

no que da minha cabeça

se pode comparar a rascunhos,

fabricados a punhos

de alguma mão invisível;

antes mesmo da riqueza das nações.

Se por minha cabeça hoje passa

algo que me caracteriza a conduta,

é querer chefiar a resposta

de alguma coisa irresoluta.

E de poder fabricar-me

em uma solidariedade prazerosa.

Podem, por algumas montanhas,

ouvir falar do que fiz...

mas quem aplaudirá o que penso?

Conforto-me, quando posso,

em meu próprio prazer de superar

e de parecer dominar o orgulho.

a prosa de meu pensamento

me colocou à frente de mim mesmo.

À frente de meus sonhos de amor.

da doçura de nutrir esperanças,

a poder confirmá-las em meu espírito,

sem uma idéia mais elaborada...

Me fugiu a fantasia no tempo

em que reconheci sua importância.

O que se sente é válido sim;

e quero sentir faíscas nas palavras

da mulher a quem amo.

a que percebo a pele e a mente.

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 04/04/2010
Código do texto: T2176620