LAISSEZ ALLER!
a prosa de meu pensamento
me colocou à frente de mim mesmo.
à frente daquele eu
que era um amante dedicado e bonito;
que era um marxista fiel;
que tinha muito mais equilíbrio.
Em minhas discussões solitárias.
no que da minha cabeça
se pode comparar a rascunhos,
fabricados a punhos
de alguma mão invisível;
antes mesmo da riqueza das nações.
Se por minha cabeça hoje passa
algo que me caracteriza a conduta,
é querer chefiar a resposta
de alguma coisa irresoluta.
E de poder fabricar-me
em uma solidariedade prazerosa.
Podem, por algumas montanhas,
ouvir falar do que fiz...
mas quem aplaudirá o que penso?
Conforto-me, quando posso,
em meu próprio prazer de superar
e de parecer dominar o orgulho.
a prosa de meu pensamento
me colocou à frente de mim mesmo.
À frente de meus sonhos de amor.
da doçura de nutrir esperanças,
a poder confirmá-las em meu espírito,
sem uma idéia mais elaborada...
Me fugiu a fantasia no tempo
em que reconheci sua importância.
O que se sente é válido sim;
e quero sentir faíscas nas palavras
da mulher a quem amo.
a que percebo a pele e a mente.