“Solidão é um sofisticado jogo de esconder em que é uma alegria estar escondido, mas um desastre não ser achado.” Winnicott.
 
 
É bom chegar a casa,
percorrer os cantos com o olhar,
encontrar tudo em ordem.
exatamente como deixei...
É bom ouvir o silêncio calmo das paredes, 
a mansidão dos sofás indolentes, 
o aconchego dos travesseiros cúmplices, 
a valsa das cortinas e do vento,
rodopiando sob o foco das janelas sorridentes...
É bom chegar a casa:
porto seguro das agitações da rua,
para descalçar os sapatos,
desapertar os nós,
percorrer os cantos com o olhar,
Encontrar tudo em ordem,
exatamente como deixei,
exatamente como deixei,
exatamente como deixei... 
Ouvir o silêncio, olhar as cadeiras,
o travesseiro, as cortinas, as janelas...
Exatamente como deixei... 
Uma arrumação sem vida
sem serventia - silenciosamente fria.
saltos da imaginação a projetos natimortos,
Despertencimento... 
Inútil paisagem caprichosamente composta,
de esperanças vãs,
Chegar a casa é solidão,
tanto quanto estar no meio da multidão,  
Como chegar a casa?
Não há casa!
O que há são monólogos entre paredes ecoantes,
reverberando tempos ocos de mim.


 
Paula
Enviado por Paula em 04/04/2010
Reeditado em 04/04/2010
Código do texto: T2176228
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