Pé de galinha
Sem hora marcada,
Cheio de vida e graça,
O pé de galinha desponta
No rosto daquela Mulher.
E agora ?!
Estranho !? Ele apareceu junto com
O amarelo das fotos
E o descaso das lembranças !
E agora ?!
O que fazer com esse espelho
traiçoeiro ? (ou será o pé de galinha
traiçoeiro ? )
Solta os cabelos,
Disfarça o sorriso,
Estica a pele,
Estica a vaidade
E chora a pobre Mulher !
E agora ?!
Que manhã mais cavernosa !
Passa pó,
Passa creme,
Passa base,
Mal sabe ela que esse pé tem raízes,
Feito pé de cajueiro...
Pobre Mulher !
Nem desconfia que essas marcas
Vieram pra ficar !
Fruto de um tempo que aconteceu
Um tempo de tanto choro
E tanto riso !
Um tempo de tanta aventura e
Tanto desafio ...
Um tempo de ser Mulher.
Mal sabe ela que esse pé
Continuará a brotar
Feito pé de cajueiro.
Olha de novo no espelho
A pobre :
-- Maldito Pé de Galinha !
Tão atrevido. Atrevido e desnudo de vergonha.
Tomou conta da vida inteira da Mulher,
Até da sua formosura inteira
Tomou conta feito calor de verão !
Em nome da sua vaidade e do seu capricho
Tenta mais uma vez:
Será que com um sopro no passado
Ele se vai ?
Obs.: Este poema faz parte do livro de poesias de minha autoria "Sonhos, Versos e Canela"