CARNAVAL

As calçadas como ruas

À beira das tantas pessoas

Que sem caminho

Perdem-se todos

Na mesma estrada

Também sem calçadas.

Rostos tapados corpos quentes

Pés descalços mesmo calçados

E a cegueira dos olhos alheios

Cobrem a nudez dos corpos

Ali no meio da estrada, sem calçadas

Na avenida alegre.

As fantasias modernas

Enfeitam de beleza e vida

A visão mesquinha dos inocentes vilões da própria vida

Enquanto os boêmios se encharcam

Achando graça até na gota que cai do seu copo

Com a missão que ele desconhece.

É alegria na avenida

Os corpos se esbarram

Uns nos outros

A euforia engole o destino daqueles

Que deixaram a sorte amarrada

Ao saírem de casa

Pena que não voltam para a desamarrar.

A vida é estreita

A alegria é tamanha

A estrada é pouca

Não tem calçadas

Os boêmios se divertem

A nudez é ignorada

Mas continuam na avenida

Sem calçadas

Presos escravizados na escuridão.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 02/04/2010
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