O PASSANTE
ontem,
eu vi um homem que não trazia em si as tardes quentes;
encarangado,
fumava
sem necessidade de cigarros...
olhos para dentro!...
perguntava-se das tardes quentes do passado,
onde,
de dorso nu,
céus fingia construir...
[quase um ponto de interrogação]
parece jamais ter esbugalhado os olhos,
sabido do sol,
ou engolido água do mar...
seus gestos?
[inúteis]
– de quem nunca provou de amores
[deu-me um bom dia, um magérrimo bom-dia]
dele, quase apiedei-me.
[deu-me um “até logo”, um magérrimo “até logo”]
seria injusto, injusto demais apiedar-me
[gratuitamente]
daquele homem que não trazia em si as tardes quentes
só por não poder ter em si
as tardes quentes
e deixou-me um rastro inapagável de silêncio!...
ontem,
eu vi um homem que não trazia em si as tardes quentes;
encarangado,
fumava
sem necessidade de cigarros...
olhos para dentro!...
perguntava-se das tardes quentes do passado,
onde,
de dorso nu,
céus fingia construir...
[quase um ponto de interrogação]
parece jamais ter esbugalhado os olhos,
sabido do sol,
ou engolido água do mar...
seus gestos?
[inúteis]
– de quem nunca provou de amores
[deu-me um bom dia, um magérrimo bom-dia]
dele, quase apiedei-me.
[deu-me um “até logo”, um magérrimo “até logo”]
seria injusto, injusto demais apiedar-me
[gratuitamente]
daquele homem que não trazia em si as tardes quentes
só por não poder ter em si
as tardes quentes
e deixou-me um rastro inapagável de silêncio!...