EFEITOS COLATERAIS
Às vezes, a intenção
é justo os efeitos colaterais.
Como os remédios prá ereção,
que dilatam os canais.
Como os poemas direcionados
não àquela a quem se ama,
mas à primeira que se vê,
provocando na que lê, ciúme e drama.
Fama por si, assim, nada mais...
Eis que os objetivos
estão nos efeitos colaterais...
Na empreitada de prédios de luxo,
cujo objetivo é lucrar,
mas que no fim do tormento
dará ao operário, pelo salário,
as chaves de um apartamento*.
Às vezes, a intenção,
são, justo, os efeitos colaterais.
Como a concordância verbal
que se faz com um sujeito
e ora se altera, para ordem inversa...
E cuja intenção é polemizar,
provocar, causar conversa;
inverter, brincar, ser poeta...
Colateral como um casamento
que é fortaleza invertida!
protege não do que vem de fora
e sim segura como barragem
aquilo que sozinho estoura!
Não mais sequer agüenta em pé.
que insiste, persiste, que tenta
mas na realidade nada quer...
Às vezes a intenção
é justo os efeitos colaterais...
como dizer à Internet a cabo
que deixará de comprar o plano
e fazê-lo religioso ano a ano,
pra ter desconto, um prazo,
e assim poder seguir pagando...
Com’o conseqüente involuntário
inerente a todo ato no mundo,
e a partir do qual a gente espera,
com fé, num ato profundo,
pelo que daquilo reverbera,
suprindo nossa miséria –
alma etérea em corpo fecundo!