EFEITOS COLATERAIS

Às vezes, a intenção

é justo os efeitos colaterais.

Como os remédios prá ereção,

que dilatam os canais.

Como os poemas direcionados

não àquela a quem se ama,

mas à primeira que se vê,

provocando na que lê, ciúme e drama.

Fama por si, assim, nada mais...

Eis que os objetivos

estão nos efeitos colaterais...

Na empreitada de prédios de luxo,

cujo objetivo é lucrar,

mas que no fim do tormento

dará ao operário, pelo salário,

as chaves de um apartamento*.

Às vezes, a intenção,

são, justo, os efeitos colaterais.

Como a concordância verbal

que se faz com um sujeito

e ora se altera, para ordem inversa...

E cuja intenção é polemizar,

provocar, causar conversa;

inverter, brincar, ser poeta...

Colateral como um casamento

que é fortaleza invertida!

protege não do que vem de fora

e sim segura como barragem

aquilo que sozinho estoura!

Não mais sequer agüenta em pé.

que insiste, persiste, que tenta

mas na realidade nada quer...

Às vezes a intenção

é justo os efeitos colaterais...

como dizer à Internet a cabo

que deixará de comprar o plano

e fazê-lo religioso ano a ano,

pra ter desconto, um prazo,

e assim poder seguir pagando...

Com’o conseqüente involuntário

inerente a todo ato no mundo,

e a partir do qual a gente espera,

com fé, num ato profundo,

pelo que daquilo reverbera,

suprindo nossa miséria –

alma etérea em corpo fecundo!

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 02/04/2010
Código do texto: T2172662