MAIS DUAS
PÓ
A poesia passeia nos cemitérios
Acaricia os túmulos
As frases
Os sorrisos nos retratos sempre antigos
As estátuas solenes
Companheiras
As flores murchas
As ramagens de plástico
Levanta do chão jarros caídos
Reacende tocos de velas
Vai à missa na capela
A poesia fica ali absorta
Procurando no vento que dá nos arbustos a resposta
A poesia vê o sol o olhar esconder
Nas nuvens finais
E fica ali
Pensando e pensando
Até que a lua beije os umbrais
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SOBREVIVÊNCIA
Sou obrigada a escrever
No momento lúcido de uma parada
Posso tocar a realidade
E não sobreviver