Escrivão
Eu não escrevo poemas
Apenas transcrevo desarranjos verbais
Notas à toa sobre o nada que a vida é
Inverdades contidas nos cantos das sílabas
Dissabores arrumados em forma de rima
Delírios armados em ritmo de versos
Acesso os verbos tentando sangrá-los
Só para me esquecer
De qualquer coisa que não deva lembrar
(Será a vida, essa fada luxuriante que passa?)
Guardo a diversão para mim
Se acaso a encontro de algum tom
Qualquer de azul no céu
Deixo que as palavras se envolvam
Sozinhas entre si
Se dissolvam ou se encontrem
Vou procurar o sabor
Sem tentar querer saber
O que dizem ou querem dizer
Apenas deixo que saiam de mim
As tempestades