Um homem em conflito
é no verso que a palavra ganha força,
é no brete que o boi sente o cheiro da morte,
é nos braços de minha amada
que me sinto um verdadeiro amante
fazer versos é como sentir fome ou medo:
medo de que me critiquem sem piedade,
fome porque as palavras não me saciam
quando não alcanço ao desafio do mote
às vezes saio para as ruas com os pelos arrepiados
como se eu fosse um cão bolorento,
às vezes saio enfurecido e faminto,
como o lamento de uma mãe que perdeu a cria
faço versos, faço rimas... faço e desfaço – choro,
choro como a madeira verde atirada ao fogo,
rio, rio como os homens que usam a ética
para expressar os seus inúteis entendimentos