Um homem em conflito

é no verso que a palavra ganha força,

é no brete que o boi sente o cheiro da morte,

é nos braços de minha amada

que me sinto um verdadeiro amante

fazer versos é como sentir fome ou medo:

medo de que me critiquem sem piedade,

fome porque as palavras não me saciam

quando não alcanço ao desafio do mote

às vezes saio para as ruas com os pelos arrepiados

como se eu fosse um cão bolorento,

às vezes saio enfurecido e faminto,

como o lamento de uma mãe que perdeu a cria

faço versos, faço rimas... faço e desfaço – choro,

choro como a madeira verde atirada ao fogo,

rio, rio como os homens que usam a ética

para expressar os seus inúteis entendimentos

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 01/04/2010
Código do texto: T2171187
Classificação de conteúdo: seguro