Apatia

Sois vós homem incrédulo

A quem a insipiência outorga

Leis ocas e indiferentes?

Escutastes, em segredo,

Novas e bonança,

Quimeras frutificando

Em macieiras das quais

Vos mantendes, em gesto inútil,

Abstraído à espera de

Indulgência antecipada por

Vossos pecados futuros.

O que amas, a quem amais,

Acaso, não é, em certo,

A razão de vosso amor?

Como podeis então

Resignar-se no pântano

De vontade alguma, se

Volitivo é o amor que

Aflora em vossos jardins,

Como desejo-seiva

Em vossos caules, na terra?

Quanto de vós padece

Nos espinhos dessa

Rosa melancólica?

Metade de vós, ao sol,

É sombra, a outra são

Nuvens fugidias ao meio-

Dia de um dia inteiro.

Logo que vos prostrastes

Ante a essa lâmina fria,

Vossas coronárias truncaram,

E a certeza cada vez

Mais é viva de, em vós,

Um enfarto da razão,

Da coragem e do risco,

Tornando-vos homem,

Um músculo indolente

E enrijecido.

antônimo
Enviado por antônimo em 01/04/2010
Código do texto: T2171073
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