Alma Pequena
Aquele menino entrou no mar.
Experimentou a água salgada
E sua agradável temperatura.
Mas não molhou os cabelos,
Não desafiou a espuma branca
Nem a fundura.
Não furou onda, nem pegou jacaré,
Mal saiu do lugar.
Porém, para todos disse
Que entrara no mar.
Qual nada! Entrou só pela canela...
A jovenzinha foi ao carnaval.
Ouviu a música
E uns passos atreveu-se a dar.
Mas não jogou confete, não suou
E tampouco foi abraçada pela serpentina.
Porém, para todos sorria
E se dizia cansada da folia.
Coitada! Olhou só pela janela...
Pobre garoto... Pensa que amou.
Só porque provou o doce do beijo
E o calor da paixão.
E a mocinha, então?
Sentiu-se amada,
Mas de saudade não derramou uma só lagrima.
De alma pequena
o amor não gosta.
Em caixa fechada
ele não mora.
É passo adiante...
Não entra pela canela.
É cego...
Não espia da janela.