LUZ NOS OLHOS
Olhe na luz dos meus olhos.
Há nela uma ponte atravessando um rio,
mas não ficando para que por ela passe alguém.
No meu lado anda uma regra.
No meu quarto dormem dois sapatos
para que eu possa querer acordar.
No mundo não encontro o que
me foi proposto pela história.
Na minha história chora sem nenhuma letra
minha quase esperança.
Minha cadeira de balanço tem mais esperanças que eu.
Na verdade, ela só tem isso.
Eu tenho tudo. Carrego dois olhos.
E neles trago o mundo. O de hoje.
O de ontem. O de amanhã.
E todos os outros que inventei.
Olhe na luz dos meus olhos.
Olhe da luz nos meus olhos.
Olhe da luz meus olhos nus.
Há nela uma canção que caminha
e carrega o mundo num carrinho de bebê.