Maldita Timidez!...

Todos os dias, anseio pelo momento

Tão febrilmente urdido que até parece doença,

Que, como amigo, fingindo falso sentimento,

Possa haurir a emoção da sua presença...

Preciso contar-lhe tudo, mas me torturo todo dia:

“Com certeza dirá sim... Com certeza dirá não...”

Meu Deus, triste e patética é a agonia

De não saber traduzir esta paixão!...

Preciso dizer-lhe tudo. Tudo o que sinto!

E ela chega. Dúvida atroz: falo? De novo minto?

Arrisco tudo e, se perder, nada reclamo?

Mas, tolo, ridículo, disfarço outra vez,

Fingindo ser galante amigo. Maldita timidez

Que não me deixa dizer simplesmente: Eu te amo!...

Antonio Maria/São Luís do Maranhão, 18/11/1995