SHOPPING CENTER
Cheiro de perfume francês,
O caminhar de sapatos italianos,
Bolsas em couro de cobra,
Jacaré...
Cumbuca de casco de tartaruga...
O chão lustroso e as vidraças bem enceradas!
Alguns amores fajutos:
Jovens lambendo-se na língua
Em plena praça de alimentação!
Queria ver se havia o mesmo amor
E a mesmo tesão em baixo da ponte!
Um cantor cretino soltando sua voz rouca
E tocando seu violão desafinado...
Coca-cola, Mc. Donald’s...
Muito nome imbecil para imbecis:
Gabriela, Louis, Hugo, Calvin, Ralph...
A não ser Severino Miguel!
Dondocas despreocupadas
Acompanhadas com seus maridos gordos e corruptos!
Belos quadros, um elevador e uma escada rolante!
Enquanto isso:
Vendedores a beira da demissão,
Oito seguranças bem vestidos
Que não servem pra nada
E três faxineiras mal vestidas
De avental e lenço na cabeça,
Tristemente caminhando,
Apanhando papeis no chão...
Recolhendo as latinhas de refrigerante
E os restos de comida,
Jogando tudo no lixo...
O que do shopping não vira lixo?
O que no shopping já não é lixo?
É tudo muito belo,
Porque tudo é muito maquiado:
Lágrimas que choram sorrindo a força!
Assim como a pedra de diamante, é o shopping:
Nada serve pra nada,
A não ser os seios da garçonete,
Que se batem, clamando para saltar da blusa
Bem na minha cara,
Enquanto serve meu chope gelado:
Posso olhá-los,
Mas não posso lambê-los:
Nada, serve pra nada!