Agora não

Colchão no chão

evita o ranger da cama de madeira

composta por um estrado único

aumentativo de atrito

ta aguçado meu ouvido

nada escapa

nem um sopro

nem sorriso

lentamente

a brisa do ventilador

alivia o calor

prepara os corpos

que no embalo do compasso

fazem da leitura labial

um brinquedo

"te quero"

exalo um jorro

de desejo

nossos corpos se calam

no segundo seguinte

somos dois sorrisos de criança

com um doce na mão

meu irmão bate na porta

"você esta usando o computador?"

eu respondo que estou

...

mas agora não.

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 15/08/2006
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