AMOR E PENSAMENTO

Agora o meu amar se reduziu.

Minha relação é genérica,

na qual o sexo é o lucro e a pessoa é o custo.

Tendo de suportar a pessoa,

em nome de qualquer coisa que,

ao contrário dela,

me pareça realmente boa.

Isso não soa ao meu ego.

Me nego a dizer-me feliz assim...

Em mim agora como fatalismo

o abismo antes somente esporádico.

Dilacera toda a poesia

essa filosofia que saiu da cabeça

e que agora atinge

todas as partes do corpo...

E a cada estudo, a cada avanço

me lanço contra a quista felicidade.

contra a paz da saudade,

da companhia de alguém amado.

Sigo pensando em coisas

que são cada vez mais profundas...

Curvas sensuais do pensamento,

dentre as palavras incisivas, vibrantes.

Me importa dizer o que penso

como a falar do que me eufora.

Comparar a primitiva idéia primeira,

a isso o que entendo agora...

Quem poderia me acompanhar

nisso que, além do toque,

é o que me gira quando não venta,

que me inspira, alegra e movimenta?

Será que não devo esperar

esse suporte de uma pessoa amada?

Não sei do certo ou do errado,

mas sem isso, agora: nada...

Penso em até quando o amor simples

e as conversas de amor sozinhas

terão o poder de me manter ocupado

no grande intervalo em que não gozo...

O que vem antes, o que vem depois.

Não tenho saída em vista...

Porém eu quero uma surpresa,

quero uma daquelas providenciais.

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 29/03/2010
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