AMOR E PENSAMENTO
Agora o meu amar se reduziu.
Minha relação é genérica,
na qual o sexo é o lucro e a pessoa é o custo.
Tendo de suportar a pessoa,
em nome de qualquer coisa que,
ao contrário dela,
me pareça realmente boa.
Isso não soa ao meu ego.
Me nego a dizer-me feliz assim...
Em mim agora como fatalismo
o abismo antes somente esporádico.
Dilacera toda a poesia
essa filosofia que saiu da cabeça
e que agora atinge
todas as partes do corpo...
E a cada estudo, a cada avanço
me lanço contra a quista felicidade.
contra a paz da saudade,
da companhia de alguém amado.
Sigo pensando em coisas
que são cada vez mais profundas...
Curvas sensuais do pensamento,
dentre as palavras incisivas, vibrantes.
Me importa dizer o que penso
como a falar do que me eufora.
Comparar a primitiva idéia primeira,
a isso o que entendo agora...
Quem poderia me acompanhar
nisso que, além do toque,
é o que me gira quando não venta,
que me inspira, alegra e movimenta?
Será que não devo esperar
esse suporte de uma pessoa amada?
Não sei do certo ou do errado,
mas sem isso, agora: nada...
Penso em até quando o amor simples
e as conversas de amor sozinhas
terão o poder de me manter ocupado
no grande intervalo em que não gozo...
O que vem antes, o que vem depois.
Não tenho saída em vista...
Porém eu quero uma surpresa,
quero uma daquelas providenciais.