E Tudo Permanece
Em que pese um desenlace
Fica a essência de um ser
No outro ser e continua
Um manancial de sementes
A eclodir quando tudo cala
No silêncio em que a razão
Abençoa uma existência
Maldiz da outra pela mesma razão
Em que pese um desenlace
Não há voz que apague o som
De uma ao ouvido da outra
No ir e vir o vento sopra o nome
É preciso ensurdecer
Ante o grito do esquecimento
Em que pese um desenlace
Não há horizontes na ausência de quem ama
O zênite é a conjunção de espantos
É sempre uma interjeição de infinitos
Imponderáveis momentos lassos
Nada tem hoje e nem amanhã
Em que pese um desenlace
Nada é passado ou sem futuro
É tudo como o tempo
Um eterno recomeço
Na mesma causa que o finda