Essência Fúnebre

Tão visível a essência da humanidade

Diante de teus simples e irremediáveis olhares

Pois nada é mais sincero

Do que a expressão súbita de sua face.

A simples e complexa essência humana

Tanto na frieza do raciocínio lógico

Quanto na incendiária emoção alheia.

Caracteres planos e esféricos

Recaem sobre nós.

Tão visível a alegria débil

Do início da existência.

O olhar alegre e alienado

A pureza da inocência

Da faceta de nossa fase mais primitiva

E animalesca.

Tão obstinado e inflamado

O grito e o olhar da juventude.

O primeiro questionar, o primeiro rebelar.

O primeiro grito junto de sua metamorfose.

O essencial desejo de expressar.

O ocorrer de suas primeiras simples mortes...

E começam a surgir os primeiros detalhes

As primeiras formas em sua escultura existencial.

Como o lapidar do granito

Nas mãos do escultor.

E entra em contato com a complexidade

Do sentimento em si manifestado.

Aprende-se a odiar e a repudiar,

A amar e a fazer,

A ser e estar.

E vagamos piamente

Em verdades que se tornam desilusões,

Em sonhos que se tornam tangíveis,

Em pesadelos que são passados para trás...

Encontram-se tesouros e armadilhas

Perdidas em nossos atos e desejos.

E se dá o nome de vida

Ao existir infatigável.

E corremos e corremos

Em busca de ambições e metas

Encontramos ombros amigos

E punhos alheios.

Pois pisamos em cabeças

Nesta estrada desertificada.

E somos pisados

Na ausência presente

Desta mesma estrada.

E se perde nossa vitalidade

Com o passar das estações.

Apodrecemos e caímos aos poucos

Como folhas no outono

Entre o doce e o amargo.

E o que mais fazemos

Além de morrer?

Ironic
Enviado por Ironic em 29/03/2010
Código do texto: T2166463
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