Quadras a esmo

Pedir conselhos, porquê?

Os conselhos não se dão…

Que pedir é mostrar submissão

E dar… já não há quem dê!

Estiola a louca vontade

Quando a coragem fraqueja

E o destino que se almeja

Fica a caminho, pela metade.

Entre o luzeiro da esperança

Surge sempre algum senão

Como se fora um travão

A querer matar a confiança.

Lágrimas são alimento nobre

Que nutre a dor, mas também são

Sedimento do triunfo da paixão

Que de encantada alegria se cobre.

Beijos, abraços, carinhos, ternura,

Olhares que falam sem dizer palavra

São como o arado que lavra

A terra abandonada na planura.

Andam gaivotas a escrever poesia

Onde os poetas não podem escrever

No horizonte vasto ao entardecer

E no topo da luz, ao sol do meio-dia.

Palavras adagas vão nas cartas escritas

Que os sentimentos vivos foram adiante

No silêncio fundo dum suspiro errante

Lançado no escuro de noites malditas.

Se lês nos meus lábios o que digo enquanto

Olho o horizonte a procurar a lua

Quero que saibas que é apenas com a tua

Beleza que me encanto e espanto!

Não procures longe o que está tão perto

E que assim te ofusca para nada veres…

É dentro de ti que existem os poderes

Dos oásis e dos palmares do deserto!

Acredito no olhar porque por ele sei

Tudo o que não dizes por estranho temor

Se te calas falas com a íris do amor

Que te inunda a alma sem fronteira ou lei.

Em 29.Mar.2010, pelas 22h30

PC

PC Poetry
Enviado por PC Poetry em 29/03/2010
Código do texto: T2166228
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