O ESCOLHIDO
Nada mais me separa de contemplar a um passo além da certeza
A luz viva da minha nova subcondição.
Sou livre e ando sobre a linha geral das semi-verdades
Que antes consumia, cultuava, venerava até.
Havia grades rupestres decoradas com cadeados históricos.
Nenhum olho em nenhuma circunstância concebia nenhuma chave.
Não havia nem a chave do meu próprio despertar.
Não me era visível o mundo.
Mas como vê-lo, se meus olhos não tinham o poder da escolha?
Não. Eu não era cego. Um cego sabe da sua condição
De opaco leniente ao mundo que nossos pais construíram.
Eu não era também um prisioneiro:
Quem é preso sonha com a liberdade e a deseja.
Meus braços eram seduzidos por um estado frio de liberdade.
- Minha liberdade era andar dentro do meu próprio cárcere.
Agora não há mais olho oprimido: foi inventada
A minha torre de observação.
Meu cárcere é todo o universo. Estou preso ao infinito.
Minha vida conhece só agora o que é estar em vida.
Minha alma não só acalenta ter uma esperança:
Aguarda-se em uma certeza palpável.
Há vida para mim do outro lado.
Antes nem havia o outro lado.
Conhecer a Deus é enxergar no escuro salão universal
Uma luz arrebatadora e que conduz à real existência.
Do outro lado da vida há o descanso das almas,
Há o repouso da espécie humana.
Quem conhece o caminho domestica um rio sensível
Dentro do seu coração paternotrospectivo.