O ESCOLHIDO

Nada mais me separa de contemplar a um passo além da certeza

A luz viva da minha nova subcondição.

Sou livre e ando sobre a linha geral das semi-verdades

Que antes consumia, cultuava, venerava até.

Havia grades rupestres decoradas com cadeados históricos.

Nenhum olho em nenhuma circunstância concebia nenhuma chave.

Não havia nem a chave do meu próprio despertar.

Não me era visível o mundo.

Mas como vê-lo, se meus olhos não tinham o poder da escolha?

Não. Eu não era cego. Um cego sabe da sua condição

De opaco leniente ao mundo que nossos pais construíram.

Eu não era também um prisioneiro:

Quem é preso sonha com a liberdade e a deseja.

Meus braços eram seduzidos por um estado frio de liberdade.

- Minha liberdade era andar dentro do meu próprio cárcere.

Agora não há mais olho oprimido: foi inventada

A minha torre de observação.

Meu cárcere é todo o universo. Estou preso ao infinito.

Minha vida conhece só agora o que é estar em vida.

Minha alma não só acalenta ter uma esperança:

Aguarda-se em uma certeza palpável.

Há vida para mim do outro lado.

Antes nem havia o outro lado.

Conhecer a Deus é enxergar no escuro salão universal

Uma luz arrebatadora e que conduz à real existência.

Do outro lado da vida há o descanso das almas,

Há o repouso da espécie humana.

Quem conhece o caminho domestica um rio sensível

Dentro do seu coração paternotrospectivo.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 29/03/2010
Código do texto: T2166009