Sex a pio

nas tuas coxas

eu-me

no reflexo das esmeraldas

nossa

nem parece que me tenho

cabelo trigal

pele de fora

nariz à toa embicado

feito pássaro no vôo

preso no decolar

nunca entendi

essa vontade de chupar

a tua boca que me dá

essa gruta habitada

língua feroz cheia de fio

afiada no desvario

capaz de dar um nó na cabeça

dum homem sem si

e de novo escorro sem pressa

pra tua coxa largada aberta

e de olhos abertos durmo de ti,

sonho detalhes de pêlos,

costuras e estampas de bichos

e relevos,

e quando percebo tento

não vejo, quero divisar,

mas só há tecido lá,

só há tecido!

E a fome aperta da embalagem -

tecido o cio pelo fio que origina

toda essa lenga lenga

fico a morder a barra da cela

e se ela?

mas se ela?

vai que de repente...

e você acena lá de cima

"vem"

e sorri;

e eu digo,

"tá muito iluminado pra sair daqui"

depois de pensar "fudeu"

e domingo mais um pouco

de frente pro ninho

com o corpo louco já mexendo sozinho

escondendo o sorriso: brinco

tá com quem?

Avati
Enviado por Avati em 27/03/2010
Código do texto: T2162690
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