NOITES ENLUARADAS

As noites de lua farta habitam minhas lembranças,

Nas caminhadas solitárias pelas estradas de chão,

A brisa soprando o rosto, a mente solta em viagens,

E o céu límpido sobre a cabeça e a lua me seguindo.

Não havia saudade que me fizesse malogro qualquer,

Só sonhos e quimeras banhados pelo brilhar da lua,

Nem as sombras que ela formava na beira da estrada,

Ofuscavam a esperança nem inebriavam o caminho.

A lua era toda minha, o céu era todo meu,

A noite era só para mim e para meus sonhos,

As reflexões a que me levavam eram meus planos,

E meus desejos de então seriam meus caminhos.

E até hoje, quando deslumbra a lua formosa,

Subindo lentamente o céu e espelhando a terra,

Sinto o cheiro nítido daquelas caminhadas,

Vejo-me naquele tempo e revivo o mesmo prazer.

Nas noites enluaradas eu sempre renasço,

Repasso às memórias, os amores, as despedidas,

Revivo dores, saudade, vontade, nostalgia só,

E viajo sim nos mistérios que elas me incitam.