Rússia

As derradeiras, silvestres flores

resguardam o orvalho-lágrima,

a vituperada seiva de denso jardim.

Jardim sidéreo, etéreo e profético!

Estepes de aço e fumaça,

de sonho e visão!

Perpassadas pela flecha da História;

indelevelmente assinaladas com o sangue,

a fé e a vontade de um povo!

Amálgama de vilipêndio e edificação!

Entropia infinita e mesquinho agrilhoamento!

As torrentes de filosofia e desarvoramento,

ateísmo e religião, utopia e embriaguez

moldaram-te e precipitaram-te.

Abismos que os tempos enaltecem qual montanhas!

Ursa maior, rebento das planícies,

erigida em constelação!

Dormes antitética; conforme, em vigil, foste:

esterilidade e fecundação!

Daniel Afonso
Enviado por Daniel Afonso em 27/03/2010
Código do texto: T2161639
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