Todos diziam-se almas ameaçadas de extinção,
frustrados em suas gaiolas douradas enormes.
Diziam-se solitárias lamparinas de querosene 
à mercê da sorte
que, em felicidade, livram-nos do mal
e, em azar, ventos furiosos sopram.

Deram-se as mãos e entoaram gritos de revolta mórbida
e sentaram-se à sombra de árvores que nunca plantaram.
Deliciaram-se com seus frutos pródigos
e jogaram os restos aos seus cães de guarda.
Coitados... cães não comem maçãs.
Seriam mais felizes se lhes dessem ossos.

Olharam-se nos espelhos dos cristalinos riachos à sua volta
e disseram-se (todos) únicos  e excêntricos artistas e filósofos.
Ora ... suas caras lembravam cópias de um mesmo falso retrato
e suas falas lembravam sibilos de serpentes que beijam e cospem.
Todos venenosos, perigosos animais.

Todos (e todas) iguais.
Miriam Dutra
Enviado por Miriam Dutra em 27/03/2010
Reeditado em 11/11/2018
Código do texto: T2161487
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