A DANADA DA INVEJA
Não sabe ela, a bichinha...
Que é uma vilã infeliz
Se sente inútil e tristonha
Não sabe nem o que diz
Seus olhos são frios e perdidos
Não conseguem se ocultar
Vivem tristes no vazio
Tentando um tolo encontrar
Pra roubar o seu tesouro
E na penumbra escapar
Sua auréola é escura
Vive suja noite e dia
Perambula pelas ruas
Catando com as mãos vazias.
Seus trajes esfarrapados
Pulseiras de cordas nas mãos
Com muitos nós enroscados
Tramando muita confusão.
Na vida não soube plantar
Passava noites e dias
Mirando o jardim alheio
Ansiando uma flor
Pra cheirar o dia inteiro
Amigos não existiram
Só mágoas no coração
Seu fim é uma página em branco
Repleta de solidão.
Não sabia ela, a coitada...
Que as coisas alcançadas
Pelo esforço das próprias mãos
São pingos de suor sagrados
Que levantam e adormecem
Em silêncio de oração.