Aos olhos dele.

Aos olhos dele

Não acredito em nada. As minhas crenças

Voaram como voa a pomba mansa;

Pelo azul do ar. E assim fugiram

As minhas doces crenças de criança.

Fiquei então sem fé; e a toda a gente

Eu digo sempre, embora magoada:

Não acredito em Deus e a Virgem Santa

É uma ilusão apenas e mais nada!

Mas avisto os teus olhos, meu amor,

Duma luz suavíssima de dor...

E grito então ao ver esses dois céus:

Eu creio, sim, eu creio na Virgem Santa

Que criou esse brilho que m'encanta!

Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus!

(Florbela Espanca)

Elen Paiva
Enviado por Elen Paiva em 26/03/2010
Reeditado em 26/03/2010
Código do texto: T2160571