Sobrevivente
Virei poeira de deus
Escamas, fastio
Visitei memórias em seus quartos
Cobri corpos
Apaguei as luzes
Fechei portas,
Segura
Consertei treliças que rangiam vozes
Volto ao meu naufrágio na varanda
Norteiam-me apenas
Ursas, órion e cassiopéia
O céu é puro ocaso, fundo opaco,
Entre tanto obstáculo
meu batel tem asas e tentáculos
Porque vivo sempre a beira de abismos.