Déjà vu
Já não sou o mesmo
Eu a cavar novos buracos
Ao enterrar
Tantas vezes o mesmo
Plano sob novas cores
Porém ainda o mesmo
Sonho ainda vivo
E a morte chega
Em sussurros noturnos
Abafados, sufocados
Em lágrimas secas
Em camas vazias
Em beijos frios
Em desejos proibidos
E esperanças mal traçadas
Em versos tortos e frases soltas
Que minha boca já não ousa
Acalentar. Sinto-me preso
Sentado numa cadeira vazia
A assistir o passar dos dias
Fazendo outro buraco
No fundo do meu peito
Procuro e espero até
Que a escuridão deixe
Minha fresta novamente
Vazia e só
Por ela espio
E te vejo
Sentado entre sombras
De ruínas e temores
Desfiando o tempo
A tecer-me
Um novo sonho