Versos mortos!
Nas minhas lágrimas
Há poesias que não escrevi,
Natimortos versos,
Descompençados, desconexos...
Gritos exilados no nunca existir.
Medo do escuro...Da solidão,
Que dantesco, domina e aprisiona,
Meu já tão machucado coração.
Das minhas lágrimas,
Brotam rimas pobres,
Que falam de mim...Simplórios assim,
Tão sem floreios e cores,
Meu preto e branco de amores.
Meu âmago suporta a força do abandono,
Desertor, meu sonho se vai,
Deixando um vácuo no momento...No agora!
E o eco da dor se espalha por todo o meu ser,
Me debato dentro de mim,
Escancarando sem pudor,
Todo o tormento que me causa o desamor.
Minhas lágrimas, bem poderiam ser
Como o orvalho na sua existência altruísta,
Singelo no regar por amor, sem pedidos nem espera...Doar por viver,
Existir para Ter sentindo o viver!
Verteria então com motivo mais nobre,
Que essa dor que me invade e dilacera meu bem querer
E transforma minha tristeza em tragédia,
Quando na verdade, não sou primogênita na desilusão,
Raro é o coração que vêem ao mundo
Com a missão de abrigar um grande amor...
Fazendo dessa verdade consolo
Fico assim, perdida do sono na madrugada
Olhos entregues a tela fria e silenciosa,
Que me serve de ouvidoria,
E me permite descrever minha dor,
Nestes natimortos versos pálidos, sem cor!
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