VOLUME SIDERAL

De que penas são sua cor?

A cor que voa,

a velocidade que brilha

no rastro do condor.

Se for amor, que seja...

Ordália celeste: se houver

desejo no beijo que me deste,

a nuvem troveja.

De que penas sãs,

de cor lembramos agora?

Da comiseração

pelas andorinhas da aurora...

que roubam o sol.

Que ofuscam, revoam,

em vão embora...

Ao pesar de tudo aquilo

que poderia tranqüilo

andar sob o sol de Salvador,

velas se acendem,

explodem, condensam

no distante e sideral volume

a que o costume não findará.