CRIAÇÃO

Quero descrever o infinito.

Fazer a reprodução de uma história

Que ao existir

Traz a inexistência humana consigo.

Contar com alguns versos

Algo novo, que ninguém suspeita

Imagina ou admira.

Recontar. Tricontar.

Até fazê-la desaparecer por entre

As letras das palavras.

Ditar um poema disformado

E não ter em mim

As culpas hereditárias da heresia.

Que não seja obra-prima.

Conformo-me com obra-proma ou pruma.

Meu Deus! Quero inspiração.

Trazei-me dos ventos suspensos

A elegia de uma lembrança.

Escrever ou descrever somente

A beleza misteriosa

De uma pedra polindo por si só,

Sem ciclones, sem ventos, sem armas.

Metamorfoseando-se como um átomo sobre a mesa.

Rendo-me de pé e sem as mãos ocupadas.

Não tiro o chapéu porque não o uso.

Reverencio e referencio o ato da criação.

- Deus meu, com que mão criaste a todos nós?

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 24/03/2010
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