O ESPELHO

Há o espelho das coisas

No voo rasante dos seres.

A luz de um reflexo

O oculta de cair.

Espelho. Espelhos para

Olhar para trás,

Sob o céu do mundo,

Ver as mais simples criaturas

Movendo cada qual

Seu pedaço de existência.

Há o espelho para

Se mirar inocente e culpado.

Para as cenas de perdão esgotado,

Há o espelho frio, gelado, mudo,

Com um silêncio estampado,

Destacado num calo de arrependimento.

No mundo à noite,

Sem a luz da clarividência,

Sem o espanto dos viventes,

Há o espelho da luz

Que faz enxergar o bom e o mau.

Pouso de emboscada no véu da consciência.

Quem terá a chave?

Fechado assim mesmo,

Há o espelho

Que corrói as lembranças,

Congelando-as para julgamento.

Existe a esperança nos campos dourados

Da face humana.

Ali também há o espelho.

Um espelho para todas as pessoas.

Cada coisa de olhando,

A visão é desnecessária neste momento,

Pois vigora a lei do espelho.

Qual que sendo cego,

Não se enxerga?

Pois sim, no mais distante olho,

Aquele que passeia nos olhos,

Nele há o reflexo de uma sombra,

Persiste o espelho na alma.

É calculista, telepático,

Vê todas as coisas do mundo,

Porque o pensamento é uma dança

Que acaba refletida e traduzida

Para todos os modelos de matérias.

Não há a beleza estática.

Não há a feiúra desnutrida.

Há sim, o espelho da verdade,

De cada um em atos de proporção.

O olho nos olhos.

Lá fora há o mundo,

refletido e espelhaçado.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 24/03/2010
Código do texto: T2156107