Linear
Há um vazio infinito nos intermédios da minh’alma
Que é um vácuo doloroso que engole minhas entranhas,
Feito bicho
E sendo assim, devorado e dilacerado, não há negaças que me enganem
Os olhos
Ou me acalantem a alma.
Põe-se a chorar o corpo,
Feito homem,
Põe-se a correr o peito.
É como uma sombra dividindo o leito e a noite
Repartindo o cerne da noite!
Que é quase a solidão deitando
Sobre teus seios
Da alvura do lume que irriga o quarto
E inunda os olhos.
Há um vazio!
Um vão quase imperceptível,
Que de tão discreto, quase não é,
Quase um engodo.
Que é como uma febre que não se sabe,
Um câncer que não se sabe,
Um amor que não se sabe,
Uma linha que não se sabe gente