RÉPLICAS DE UM TEMPO PARA UM TEMPO

A cada minuto ressurge no meu inconsciente

Lembranças como insinuações de música.

Algum segredo vem espacialmente acompanhado.

Não me revela apenas o escondido.

Mas também o que há de escondido na forma de se mostrar.

Estou preso ao presente, mas ainda construo (secretamente)

O meu passado.

Sim. Secretamente como se abrir de um pássaro invisível.

Somente as radiações do vento podem o perceber.

Uma canção antiga se renova e se rebate

Querendo explodir, porém sem alarme.

Ninguém compreenderia o meu festejar silencioso.

Por isso calo e contemplo as vozes.

Porque o ouvir, puramente ouvir, não satisfaz

A minha necessidade de sentir.

Preciso ver o movimento dos lábios construindo

Ou destruindo as palavras.

Os meus lábios permanecerão cerrados,

Sem, no entanto, a minha voz estar calada.

Vou pronunciar um silêncio longo.

E exijo que o meu silêncio seja escutado.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 23/03/2010
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