RÉPLICAS DE UM TEMPO PARA UM TEMPO
A cada minuto ressurge no meu inconsciente
Lembranças como insinuações de música.
Algum segredo vem espacialmente acompanhado.
Não me revela apenas o escondido.
Mas também o que há de escondido na forma de se mostrar.
Estou preso ao presente, mas ainda construo (secretamente)
O meu passado.
Sim. Secretamente como se abrir de um pássaro invisível.
Somente as radiações do vento podem o perceber.
Uma canção antiga se renova e se rebate
Querendo explodir, porém sem alarme.
Ninguém compreenderia o meu festejar silencioso.
Por isso calo e contemplo as vozes.
Porque o ouvir, puramente ouvir, não satisfaz
A minha necessidade de sentir.
Preciso ver o movimento dos lábios construindo
Ou destruindo as palavras.
Os meus lábios permanecerão cerrados,
Sem, no entanto, a minha voz estar calada.
Vou pronunciar um silêncio longo.
E exijo que o meu silêncio seja escutado.