INERTE

Meus olhos labutam

contra um carretel de coisas inatingíveis.

Passa andando e sem compromissos

uma esperança pintada

de várias cores e por várias mãos.

A rua, na qual passam todas as coisas

é estreita e calma.

Não anuncia destinos

nem denuncia os tumores da desesperança.

Aprendi a lutar quase que sozinho.

Apenas meus dois olham me velavam,

porém, sem quererem torcer por mim.

Tive sonhos, mas não pude sair

do estado inerte de se sonhar.

Tive medo, mas meu Deus!

Como queria saber eu de quê!

Sou um rude inoselvagem com sentimentos,

mas sou se, pouso.

Meus braços são platônicos:

não erguem a minha bandeira anti-atômica.

Quisera eu ter mais braços e menos sentimentos.

Voarei pelo vão sem vigia da vida

ao encontro certo de uma manhã,

para que eu possa um dia acordar.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 23/03/2010
Código do texto: T2154322