Conclusão

Não tenho sido que sou

Quem cunhei ou tracejei para mim

Tácita, apreendo à compreensão

Do rascunho em que hora me esboço

Parte daquilo que edito e ilustro

Dentro do que de mais real se profere em meu ser

Vejo-me num outro e disperso contexto

Inter textos de outras eras além

E nessa ironia tão ínfima em que

Meus dias se desvendam agora

Sigo meio sem guia, bússola desconexa

Uma poeira na mesma estrada sem fim

Ora entristecida e às vezes só

Aprendi com os meus oportunos desafios

A andar num compasso mais cadenciado

Ter menos sede, correr menos

E conseqüentemente, a esperar menos

De mim mesma e de outrem

E menos padecido, porém

O tempo não redime e em paga

Leva-nos o alento, a destreza

o tormento e vontade do reinicio

De tempos em tempos dou-me um basta

E deixo-me levar um pouquinho

A outros sonhos outras brisas, a alguém

Pessoas que nem presumem poder me ajudar

Tornam-me tanto mais compreensiva de mim mesma

Que repentinamente desando a reviver

Se me vejo em outros textos

Pequenos motes de outros poemas

Tendo sempre a crescer

Ainda que volte ao versado recomeço

Embora mais atinada e segura de mim,

Tanto mais compreensiva do quão perto

Já estou de mim mesma

Esse ser tão estranho

Em processo de descoberta

AndreaCristina Lopes
Enviado por AndreaCristina Lopes em 23/03/2010
Reeditado em 23/11/2010
Código do texto: T2153815
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