Dois Mundos
Uma parte sou, indefinida, do universo.
Apenas microscópio, nem trilha, nem verso.
Por este caminho que não definho, contorno,
a vida de um estalo a outro, transformo.
Junto e compilo pedras de outrora.
Assim, por prazer, o futuro me namora,
ou odiar-me-á se do mal semear
entre as terras que existem a arar.
Uma ave pousa entre os mundos.
O da esquerda é rico, o da direita é profundo.
Imputado ser-me-á entre eles escolher:
Se me deito numa alcova ou se no outro a correr.
Posso por poesia deixar de escolher.
De um quero amores e do outro viver.
Parte sou microscópica híbrida,
Coexisto sim, e de maneira límpida.