Dois Mundos

Uma parte sou, indefinida, do universo.

Apenas microscópio, nem trilha, nem verso.

Por este caminho que não definho, contorno,

a vida de um estalo a outro, transformo.

Junto e compilo pedras de outrora.

Assim, por prazer, o futuro me namora,

ou odiar-me-á se do mal semear

entre as terras que existem a arar.

Uma ave pousa entre os mundos.

O da esquerda é rico, o da direita é profundo.

Imputado ser-me-á entre eles escolher:

Se me deito numa alcova ou se no outro a correr.

Posso por poesia deixar de escolher.

De um quero amores e do outro viver.

Parte sou microscópica híbrida,

Coexisto sim, e de maneira límpida.

Adriano Luis
Enviado por Adriano Luis em 22/03/2010
Código do texto: T2152331
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