PRISÃO PERPÉTUA

A lógica da punição é servir de advertência ao espírito para o risco que corre quando não se controla. E o espírito, sob medo, não mais se deixa ao descontrole.

Se se deixa, porém: ou a pena é demais branda, ou o espírito está fora de razão.

(e por isso que parece estar confuso aquele que se mata.)

Ao espírito fora de razão, trata-se, para que não fira a sociedade nem a si.

Pena branda? agrava-se-a.

Contudo, não existe punição quando não há aquele momento posterior no qual, ante à iminência de crime, o espírito se reprime, impelido pela recordação ruim.

Portanto agravar uma pena tem um limite, onde ela deixa de ser punição.

Pena perpétua não é uma punição. É uma tortura eterna. Uma ação aprisionadora e humilhante com fim em si mesma, sem razão de alertar, sem a razão de se aplicar a um espírito.

Um espírito sem momentos de vida está suprimido em sua essência. Suprimi-lo em sua liberdade por dado tempo: punição; fazê-lo para sempre: execução. Aqui está o verdadeiro crime.

Suspeito de assassinar a madrasta,

jovem americano de 12 anos

é condenado à prisão perpétua.