O OLHAR

Quando aos céus de repente se fez dia

E o silêncio deu lugar ao som dos pássaros

Um olhar a outro olhar se inicia

Revelando a luz da paz em sintonia

E pondo em guarda o templo dos nefastos

Enquanto o camponês caminha ao sol maravilhado

O poeta mesmo estando embevecido

Enxerga ao longe no horizonte perscrutado

Os desígnios soberanos mais queridos

E os anseios temidos mais sonhados

E o ver do escriba ensandecido

Mergulhado sob as sombras tenebrosas

Debulhando todo o tempo em desalinho

Rebuscando no passado as mais ditosas.

Com seu olhar arguto e pleno explorava

Do ontem já vivido e conhecido

Ao amanhã de dor que não chegara

Com a imagem revelando o desejo reprimido

Num piscar dispensando qualquer fala.