eu te amo
eu te amo com o meu
desvairado amor, amor
menelauniano
que promove sítio àquilo
que lhe furta a coisa amada,
que irrompe as barreiras
da palavra, do tempo
com fogo, espadas e canhões
amor amado invirgulado
sem fôlego desponteado
e quando, anacoluto
eis recomeçado
nada faço, tudo me desgosta,
Camões, a cama ou cem sonetos,
quando percebo em minha boca
ausência, o seu beijo
eu te amo porque te amo
aporia incontornável
falaciosamente, em retórica
impenetrável
eu te amo
porque só assim tem sentido
não te querer quando
certamente quero,
amor irretratável.