Delírio, delírio, delírio...
Se você me desejasse,
se uma parte de si - por mínima que seja - me amasse,
você seria capaz de me deixar
possuir por um momento o teu corpo,
domar-me pelo desejo, tão forte e louco,
pois tenho que me aventurar, que trangredir
a todas as estúpidas regras da sociedade,
a essa distância que nos faz longe na realidade,
a essa torpeza que é simplesmente esperar, esperar?
Você me consideraria menos,
se eu expusesse a minh'alma nua,
se eu me agarrasse à carne tua
como se nada mais existisse neste mundo?
É loucura, sim - bem sei;
mas converte-se em Céu, aquilo que é chamado de inferno;
se torna intenso, aquilo que ninguém acreditaria ser eterno
e que nunca seriam homens para simplesmente suportar.
Eu suportaria o inferno,
o efêmero e o doloroso;
mas quero o momento glorioso
de, apenas por hoje, estar nua,
estar à luz da Lua,
estar no meio da rua;
mas sentir-me, finalmente, tua.
Você viraria as costas para mim,
você fecharia os olhos, com desprezo,
se eu gritasse para o mundo todo o meu desejo?
Ah, que se dane, tudo, todos, sei lá!
Há em mim a loucura de certos viventes,
dos que só ousando, se sentem contentes,
saciando-se em um delírio descomunal.
Você se assustaria comigo,
se eu me revelasse, verdadeiramente, mulher?
Você seria capaz de dizer que ainda me quer,
após estas palavras repletas de insanidade?
Ou você seria tão insano quanto eu,
e deixaria ser desnudo o corpo teu,
tornando-se, por um monento, meu?
São delírios, meu bem!
São desconexas palavras ao vento,
são desejos expostos ao mar aberto,
é a minha nudez aberta à visitação...
São lágrimas de menina,
são anseios de mulher,
mais a vontade de perder-me em você
de uma vez...