Garganta

Eu preciso de um fósforo ou isqueiro,

quero algo qualquer que faça fogo.

Há um cigarro amargo a ser queimado,

há uma fumaça densa pra engolir.

Há um cigarro amargo pra acender.

Quero a seda mais branca que houver

se enrolando na palha da Angústia:

minha saliva selando seu destino.

Em minha frente existe uma parede

Rachaduras de um outro terremoto

E o lodo de chuvas já choradas

É a pintura que vejo em meu limite.

A fumaça chega ao muro e pára:

Não há céu para onde vá subir.

Uma bola cinzenta escapa à boca

É a Angústia queimada, sem porvir.