Liberdade

Ela se encaixa em todos os delitos.

Em todas as culpas ela é a primeira

das primeiras a não pedir perdão.

Ela não se esconde dos dedos rígidos

apontados por mãos envelhecidas,

por rugas indecentes, apocalípticas.

Ela se destoa de todas as canções

e não protege os ouvidos ásperos

das litanias cantadas ao inferno.

Por milhares de anos ela é

e sua existência amarrotada

descumpre todos os ritos,

gera todos os conflitos,

altera todos os canais.

Ela é – simples. E tropeça nos pés

dos que se levantam contra ela

e, por vezes, nos próprios pés.

Ela? Existe.

E as folhas das mangueiras, no verão,

Dançam apenas para ela.