O POETA
O poeta é virgem néscia
Que se esquece do azeite da candeia.
O poeta é mártir sem causa
A morrer por si mesmo.
O poeta é expiação, Cristo de sua religião.
O poeta é pintor de paredes que não existem.
É homem de profissão inútil.
Nasceu com mãos e olhos únicos
E visões de um futuro inexplicado
Traduzidas simbolicamente
Incompreensíveis até mesmo a si.
O poeta é morto-em-pé,
Dormita de candeia acesa
Morto, é poeta.
Vivo, é poeta.
Carta fora do baralho, é poeta.