O POETA

O poeta é virgem néscia

Que se esquece do azeite da candeia.

O poeta é mártir sem causa

A morrer por si mesmo.

O poeta é expiação, Cristo de sua religião.

O poeta é pintor de paredes que não existem.

É homem de profissão inútil.

Nasceu com mãos e olhos únicos

E visões de um futuro inexplicado

Traduzidas simbolicamente

Incompreensíveis até mesmo a si.

O poeta é morto-em-pé,

Dormita de candeia acesa

Morto, é poeta.

Vivo, é poeta.

Carta fora do baralho, é poeta.

Alex Mendes
Enviado por Alex Mendes em 19/03/2010
Código do texto: T2146862