MORAR
O hábito faz o monge,
que se habitua
ao habitat onde se esconde.
Se enraíza, mas também vegeta.
e pragueja quem se arvora a mudar.
Então, muda, a muda passa a germinar.
sob a luz que aquece,
a mesma planta que cresce
é a que se desnatura...
e nada aflora e nada floresce
e nada cultiva e nada cultura.
Entretanto
entre tantos espaços,
há lacunas que além de pedaços
são comunas do que há escasso.
É o que falta, a ausência,
justo a essência do há de maior.
Estar no vazio não é estar vazio.
E o vazio do espaço
não é o quanto escasso é seu volume.
tampouco se separa o que afeta
tornando secreta
a vida por tapumes.
Existe o repouso, existe o retiro.
o ponto em que
se pede moratória ao movimento.
em que, adormecido,
lento se escora...
Em que não só habita; Mora.