VIDA COMPUTADORIZADA

Percorro as calçadas

tropeço em anúncios

custo a atravessar a rua

lotada de propaganda

entro por uma porta

que se abre

sem ninguém eu tocá-la

sem ninguém tocá-la

passo

ela se fecha

ameaço voltar

ela se abre novamente

eu a engano!

Continuo meu caminho

tenho que subir

mas não vejo escadas

no lugar delas tem um cômodo

que sobe que desce

que se abre e se fecha

cheio de botões

subo

tomo um corredor imenso

cheio de portas fechadas

sem ninguém para me receber

persigo minha curiosidade

apresso os passos

sou perseguido pelo relógio

viro à direita

sento-me diante

de uma imensa tela

cheia de cores de vozes

que instruem palavras difíceis

chego a não entender nada

pego uma senha

sento-me e espero

à minha frente

tem uma maquininha

passando mensagens apressadas

escritas em vermelho

logo depois vem o meu sinal

uma sirene no canto do teto

aperto um botão

a porta se abre

eu entro

lá dentro alguém fala:

“sente-se por favor”

procuro não vejo ninguém

“passe a senha”

coloco-a no computador

espero alguns segundos

um robô pega meu braço

me leva até a porta

uma maquininha azul avisa:

“próximo!”

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 18/03/2010
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