VIDA COMPUTADORIZADA
Percorro as calçadas
tropeço em anúncios
custo a atravessar a rua
lotada de propaganda
entro por uma porta
que se abre
sem ninguém eu tocá-la
sem ninguém tocá-la
passo
ela se fecha
ameaço voltar
ela se abre novamente
eu a engano!
Continuo meu caminho
tenho que subir
mas não vejo escadas
no lugar delas tem um cômodo
que sobe que desce
que se abre e se fecha
cheio de botões
subo
tomo um corredor imenso
cheio de portas fechadas
sem ninguém para me receber
persigo minha curiosidade
apresso os passos
sou perseguido pelo relógio
viro à direita
sento-me diante
de uma imensa tela
cheia de cores de vozes
que instruem palavras difíceis
chego a não entender nada
pego uma senha
sento-me e espero
à minha frente
tem uma maquininha
passando mensagens apressadas
escritas em vermelho
logo depois vem o meu sinal
uma sirene no canto do teto
aperto um botão
a porta se abre
eu entro
lá dentro alguém fala:
“sente-se por favor”
procuro não vejo ninguém
“passe a senha”
coloco-a no computador
espero alguns segundos
um robô pega meu braço
me leva até a porta
uma maquininha azul avisa:
“próximo!”