Ser difuso

Embriagado de um silêncio áspero,

O antes já não cabe em seu tempo.

A ausência, roxa e fria,

De um EU senhor de si,

Rasga o peito, esmaga o hoje.

Oh, Natureza meticulosa!

Madrasta!

Despida, traz o véu entre os seios,

Astuta,

Tortura-me na beleza de teus filhos.

Estou aqui! Estava? Estanque.

Da boca que jorrava versos cálidos,

Que vacilava entre o sim e o talvez,

Hoje sobra repulsa, expulsa o sabor.

Aos braços, que carregavam o futuro,

Cabe juntar o entulho, o esqueleto da verdade.

Encontro-me nos outros,

Semelhantes tão diferentes

Quanto o que deve ser feito

E o feito de fato.

Ao espelho,

O resto de mim.

Descoberto.