Minas Inconfidente
Que os fins justifiquem os meios*,
que eu me dispa de todos os receios
e que do ouro das Minas
eu afaste as novas assassinas.
Que eu seja como Dirceu
(quase épico Odisseu),
cuja poesia foi armadilha
para o amor de Marilia.
Que nas Serras eu disperse a bruma.
E veja, Lorca, "La Luna"
tingir de prateado
esse sonho reprisado.
Que os deuses me favoreçam
e que os Homens não me esqueçam.
Que eu complete essa Mandala,
que me espera na ante-sala.
Que eu reponha
os Altares dourados
e os sonhos roubados
nos exílios forçados.
E que os "Profetas de Congonhas"
revivam suas faces tristonhas
para que me vejam
restaurar o Gênio das Minas,
enfim liberto das vestutas cortinas
que separam o que dizem ser História,
daquilo que viceja na memória.
* enunciado indevidamente creditado a Maquiável.