CORPO OCO
O coração cora a ação,
Doura a aura
Encarna a carne
Língua mingua
De salivas salobras
A arteria aorta entupida.
O sangue sungue,
Sangra sangre.
A arte remota de sofrer.
Que faz romper
O cordão umbilical
Nas mãos umbidas de cal.
Víscera encera
As tripas
Ripas no telhado da alma,
E no sótão,
Soltam os espíritos
Em espirros,
As esfinges com tumores na laringe
Finge que a dor não dói.
Os abraços abraçam os baços,
A cria que ria
Soletra a letra só.
E o corpo oco
Contenta-se com tão
Pouco.