MAIS UM REI SEM COROA
Eu caprichei, nas coisas que vou levando pra minha gente
A minha mala abarrotada, vai na frente,
Mandei adiantados uns troços pro meu velho.
Uma sela nova, uns laços feitos do melhor material
Pra minha velha uma louçaria, e um embornal,
Pro mano que não larga o canavial.
Minha botina, e a mesma que usa qualquer peão de rodeio,
Paguei a vista no cobrinho e sem receio.
O meu chapéu foi comprado lá em Pratânia,
Não vou de carro, porque não consegui tirar minha carteira
Desenterei a grana com uma bebedeira,
Num bailão onde arrastei pé a noite inteira.
Um velho amor, que já cansou de esperar que eu voltasse,
Que eu comprendo se a paciência se acabasse,
E se vestisse de noiva pro outro peão.
Meu coração me diz que ainda assim a devo procurar,
Saber do que foi feito e onde ela está,
Se já mudou ou vive no mesmo lugar.
Pro seu Cutuba, um pescador que conta mentira adoidado,
Levo um caniço desse muito invocado,
Uma aguardente que me falaram que é boa.
To rindo a toa, voltando pra Vida que tinha La vila.
Ainda por cima vou levando umas pilas
eu vou pra roça ser um rei sem coroa.